Arquitetura e Construção Civil pelo clima: como estes setores podem ajudar a salvar o planeta

Já está no centro das atenções de todos os noticiários do mundo. A Conferência Anual das Nações Unidas Sobre Mudanças Climáticas (COP-27) começou no dia 6 de novembro e se encerra no dia 18. Neste ano, Sharm El Sheikh, no Egito, é a cidade a qual sedia o encontro e convoca líderes mundiais a firmarem compromissos e levarem soluções para mitigação e adaptação à mudança climática.

Diante deste cenário, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) do Brasil sinalizou que “está atento ao assunto e quer garantir a contribuição dos arquitetos e urbanistas neste desafio”. E o desafio é grande: de acordo com projeções divulgadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), o setor da construção civil é responsável por 36% de todas as emissões de CO2 no mundo. Apenas o cimento, usado em larga escala em projetos arquitetônicos, gera aproximadamente 8% das emissões mundiais de gases do efeito estufa, segundo o instituto de pesquisa britânico Chatham House. 

De acordo com Nicolaos Theodorakis, CEO da Noah, construtech especializada em construções em madeira, “o setor de construção civil precisa reavaliar seus processos se pretende firmar compromisso com a agenda climática do mundo.” O executivo afirma que, assim como o Canadá e alguns países europeus, já é realidade construções que utilizam concreto apenas para a etapa de fundação, um dos principais antagonistas da sustentabilidade. “A madeira engenheirada, muito utilizada nessas regiões, substitui o concreto em toda a estrutura, e mantém a qualidade e segurança das construções. Além disso, reduz o tempo de atividade nos canteiros de obra e faz com que a produção de resíduos seja mínima”, explica Theodorakis.

Como pontua o executivo, a geração de resíduos pelo setor de construção civil tem impacto em nível mundial. De acordo com a Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (ABRECON), 40% de todos os resíduos sólidos gerados na economia vêm da indústria de construção civil, um sinal de alerta para que este setor, de fato, entregue soluções eficazes para frear a crise climática que se aproxima. 

Para Guiarruda, CEO da Vertown, um dos principais fatores que levam a esse baixo índice é a dificuldade das indústrias em fazer o controle e a gestão de resíduos. “Por meio de soluções inovadoras, as empresas conseguem acompanhar toda a rastreabilidade de seus resíduos, podendo utilizar a inteligência dos dados para gerar melhorias em todo esse processo e auxiliar os clientes a reportar os principais indicadores de ESG, entre outros pontos. Além disso, é possível garantir que seus resíduos sejam destinados de forma correta, estando em compliance com a legislação e sobretudo, ajudando o planeta”, explica.

Já Vinícius Callegari, Co-Fundador da GaussFleet, afirma que nos últimos anos houve um forte movimento de diversas empresas do setor de construção civil empenhadas em promover ações que reduzam a emissão de gases. “Dentro das alternativas atuais, há a compra de créditos de carbono e a destinação de resíduos para um descarte correto, evitando assim a contaminação do solo. Além desses dois pontos, podemos apontar também que ao seguir regras de ESG em todos os processos de uma obra, os players do setor conseguem atingir a redução de custos, já que há a possibilidade de reciclagem dos materiais que podem voltar a fazer parte das obras como novos produtos”. 

Adicionalmente, Pamela Paz, CEO do Grupo John Richard, provoca mais uma camada dessa discussão. “O setor de arquitetura e design de interiores deve ser um dos principais agentes para mudar a consciência de consumo das pessoas. O alto consumo de móveis e descarte de resíduos deste mercado tem muito impacto na agenda ambiental e deve ser repensado. A economia circular, ainda tímida no Brasil, chega como uma solução para reduzir estes impactos causados pelo setor moveleiro”, alerta a executiva

Detentor das marcas John Richard e Tuim, o Grupo John Richard se destaca no mercado com a proposta de ressignificar a forma de consumir móveis com o modelo de assinaturas. O cliente aluga um móvel e tem todo o suporte do Grupo para logística, montagem e manutenção. “Precisamos entender que a economia circular é o que vai garantir um futuro sustentável”, acrescenta Pamela. 

O governo brasileiro comprometeu-se com a diminuição das emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025. Além da atenção urgente direcionada à região amazônica, diferentes players do mercado têm a missão de entrar na briga de forma assertiva, planejada e orquestrada. “O esforço pela sobrevivência do nosso planeta deve ser coletivo, portanto, os setores de arquitetura, urbanismo e construção civil devem atuar de forma integrada para que consigamos reverter essa situação gravíssima”, finaliza Theodorakis.

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