Por que bancos tradicionais estão se rendendo às fintechs?

Não é novidade que nos últimos anos tivemos um crescimento considerável de fintechs no país. De acordo com o Startup Scanner, ferramenta de mapeamento de startups da Liga Ventures, rede de inovação aberta que conecta empresas e startups gerando negócios e transformando pessoas, existem hoje mais de 1110 fintechs em sua base, distribuídas em 40 categorias. Toda essa movimentação é atribuída às inúmeras facilidades que essas tecnologias proporcionam ao mercado, como sistemas mais integrados, meios de pagamentos desburocratizados e, muitas vezes, isenção de taxas, gestão financeira eficiente, empréstimos, inclusão financeira, entre outros.

Para se ter uma ideia do tanto que as soluções tecnológicas têm influenciado o segmento positivamente e impactado os bancos tradicionais, em fevereiro deste ano, segundo um dado divulgado pelo Banco Central (BC), o país tinha 649 bancos, fintechs e financeiras, 15% a mais que em 2019. O crescimento foi puxado pelo “boom” de fintechs e bancos digitais. As instituições de pagamento, por exemplo, dobraram no período e passaram de 19 para 43. Já as sociedades de crédito direto e de empréstimo entre pessoas, saltaram de 15 para 78, uma alta de 420%. Esse aumento reverte a tendência observada entre 2013 e 2018, quando o setor regrediu e o número de instituições financeiras caiu 11%.

Quando trazemos para o campo dos investimentos, o cenário é ainda mais animador. Um estudo feito pelo BCG (Boston Consulting Group), chamado de Start of Fintech, apontou que no terceiro trimestre de 2021 foram investidos mais de US$ 34 bilhões em fintechs globalmente, ou seja, 155% a mais que no ano passado. Todo esse crescimento e alto volume de capital aportado nessas soluções têm chamado muito a atenção dos bancos tradicionais, afinal, a inovação tem sido a essência e a força motriz da maioria dos negócios, independente do segmento de atuação.

O que vejo atualmente é grandes instituições financeiras se rendendo às fintechs e firmando parcerias com o objetivo de criar ou comprar soluções digitais já operando. A realidade é que se eles não quiserem perder mais mercado para as novas tecnologias, precisam urgentemente mudar de postura e agir, afinal o mundo é digital e as pessoas estão cada vez mais interessadas em serviços que resolvam problemas de forma rápida, segura e sem burocracia. 

De maneira geral, é um caminho sem volta! O setor financeiro sempre esteve em evidência e foi impactado positivamente pela transformação digital, fazendo com que o Brasil se consolidasse ainda mais como um dos grandes ecossistemas de fintechs mundialmente, chegando a primeira posição da América Latina, seguido de Uruguai, México, Colômbia, Chile, Argentina e Peru, segundo o relatório “2021 Global Fintech Rankings”, produzido pela Findexable em parceria com a Mambu, fintech alemã de soluções bancárias na nuvem.

Claro que ainda há muito a ser desbravado nesse universo, mas as plataformas digitais estão mudando diversos processos e inovando a experiência do consumidor em relação às finanças. Por fim, a esperança e o desafio é que a indústria da tecnologia financeira continue a revolucionar o mercado e proporcione ainda mais serviços de alta qualidade.

Pedro Santiago
Pedro Santiago

Co-fundador da Idez, fintech especializada em serviços financeiros para PMEs, que atua sob o modelo Bank as a service.

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